Muita gente ao questionar por que determinada pessoa torce para um time de futebol busca uma explicação para aquele sentimento. Em muitos casos, a respostas é: herança de família, uma vez que pais são influenciadores dos filhos quando o assunto é futebol.
Mas nem sempre é assim. O amor por um time de futebol pode ser tão inexplicável quanto por uma pessoa. Ocimar Lima, de 57 anos, conseguiu passar a paixão pelo Vitória para dois dos seus três filhos. O terceiro, no entanto, seguiu “outro caminho”. Lucas Lima, de 35 anos, trocou o rubro-negro do pai e dos irmãos pelo tricolor do Bahia e rival do Vitória.
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Segundo Ocimar, que se tornou Vitória por causa da mãe “rubro-negra doente”, como o próprio definiu, ele não fez nada para influenciar os filhos quando o assunto foi futebol. Tanto para o lado rubro-negro quanto tricolor, a escolha partiu de cada filho.
Mas o que fez Lucas ir de encontro à própria família? "O que me chamou atenção no Bahia foi a história. Tem uma história maravilhosa, uma torcida maravilhosa. E quando você participa, vai aos jogos... Eu nunca tive muita oportunidade de ir ao estádio porque minha família toda é Vitória. Aí só pude ir ao estádio depois que já tinha idade necessária. Quando comecei a ir, foi aumentando ainda mais a admiração", contou Lucas.
Para ele, o que faltou para os irmãos virarem Bahia foi ter conhecido o tricolor de perno. “Eu acho que o que faltou aos meus irmãos foi a um estágio ver o Bahia jogar, viu? Acho que faltou a eles verem a torcida do Bahia reunida. Aí eles foram muito na onda do meu pai para o meu pai ser Vitória por minha avó que também era fanática e praticamente 90% por parte de meu pai era tudo vitória, né? Então aquela coisa do “vamos atrás que é melhor” E aí se tornaram Vitória”, completou.
O pai classifica o filho como torcedor fanático e diz que ele é “sempre o primeiro a mandar mensagem quando o Vitória perde”. “Agora quando o Bahia perde, ele não fala nada, fica caladinho”, brincou Ocimar.
Pai Bahia e filho Vitória
Na família de Yuri Rodrigues, de 28 anos, a situação é a oposta. Ele é o único representante da torcida do Vitória, em meio a muitos tricolores. “Minhas irmãs, minha mãe e meu pai sempre foram apaixonados pelo Bahia. Aí quando eu nasci ele me deu tudo do Bahia, tive camisa até”, relembrou.
Durante a infância, Yuri passou a questionar o pai sobre o motivo de não ser Vitória e sempre ouvia a resposta: “nós somos Bahia”. “Eu continuava questionando. Sempre gostei das cores [vermelho e preto]. Eu lembro muito que quando eu via alguém vestido com a camisa preta e vermelha, e u gostava muito. Aí teve um dia que ele pegou e me deu uma camisa nova do Bahia. E aí eu não gostei”, completou.
Para o pai de Yuri, Julieliton Rodrigues, de 52 anos, não conseguir influenciar o filho a ser Bahia foi uma frustração. Ao contrário de Yuri, ele virou Bahia por causa do pai.
“Minha relação com o Bahia foi desde sempre, porque meu pai era torcer do Bahia e aí eu gostei desde sempre, e quando o meu filho começou gostar do Vitória foi muito frustrante pra mim”, admitiu.
Para ele, o filho é do contra. “Às vezes de pirraça digo: ‘vou dar uma camisa do Bahia pra ele, só pra ver a cara dele”, brinca.
Segundo o Yuri, a pirraça era ainda maior quando tinha mais Ba-Vis. Com os times em divisões diferentes, os clássicos passaram a ser mais raros. A gente fazia as nossas apostas internas de quem perder tem que vestir a camisa do outro. No final, os dois acabam vestindo”, contou.
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