O povo negro é a essência da veia artística do país e da música brasileira. Diversos sons do Brasil foram influenciados diretamente pelos africanos, como o samba, axé, maracatu, e muitos outros. O primeiro estilo musical que foi aceito pelas elites brasileiras, por exemplo, foi o samba. Esse foi justamente o tema debatido no Festival Negritudes Globo na noite desta quinta-feira (18) na Casa Baluarte, em Salvador.

A roda de conversa, mediada pela jornalista e apresentadora Luana Assiz, contou com o mestre em percussão Ubiratan Marques, e os cantores e compositores Tatau e Sued Nunes. Juntos, o quarteto problematizou a “régua e compasso” que a música baiana feita por pessoas pretas e os blocos afro influenciaram toda uma nação.
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Músico em atividade desde 1989, Tatau relembrou o período que esteve no auge da carreira e o quanto o som que ele fazia chamava atenção de todo o país. O cantor foi vocalista do Araketu até 2015.
"Surgiu muita dúvida de onde a gente bebia [musicalmente falando], de onde vinha essa terra mãe. Os blocos afros buscavam naquela época e os grandes grupos e artistas beberam dessa fonte maravilhosa, como Banda Mel, Banda Reflexu's [...] Os blocos afros eram de extrema importância para nós artistas naquela época", destacou Tatau.

Para o Mestre Ubiratan Marques, a música da Bahia é um dos lugares mais complexos do mundo musicalmente falando. Segundo ele, as pessoas precisam de muito tempo para entender.
"Música é um todo, é vibração, é um todo, uma estética. Temos essa régua, esse tempo é o nosso tempo, não existe uma régua eurocêntrica que nos move. Existe uma colonização sutil. O tambor é o princípio de tudo. Tudo que vibra vem do tambor", refletiu o jurado do reality show TimBrown, programa percussivo de Carlinhos Brown.
Sued Nunes reflete papel das redes sociais na carreira
Ainda no bate papo, a cantora baiana repercutiu o papel da internet na projeção da carreira dela e destacou que a presença de mulheres pretas no audiovisual é um legado para meninas se sentirem representas.
"As redes fazem artistas como eu chegarem até aqui. É um veículo que nos potencializa, potencializa a nossa história. Quem a gente quer consumir? É melhor que ficar difamando as pessoas", refletiu Sued.

"O que não é visto não se estabelece. Se a gente liga a televisão e não vê uma mulher preta, não existe representatividade. Uso essa ferramenta [do audiovisual] para mostrar como eu quero ser lembrada", finalizou ela.
O Festival Negritudes reúne grandes artistas, produtores e comunicadores do audiovisual brasileiro e acontece até o fim desta quinta-feira (18). O evento foi transmitido no g1 Bahia, Globoplay e canal Futura.

Lucas Sales
Lucas Sales
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